10.6.10

Confissões africanas

O meu mundial de futebol morre na praia antes do lugar onde as dunas nascem.
Este jogo faz de conta que tem noventa minutos. A diferença é que este está parado no tempo. A baliza não tem redes, o campo não tem bola, as dunas não são bancadas nem as bancadas têm gente. Então os jogadores não têm público. O mar está autorizado a deixar de fazer o papel duplo de balneário e de sala de massagens. As poças de água no chão são as lágrimas da areia, em depressão por não a deixarem ser verde como a relva pelo menos durante um dia. Sem campo, nem redes, nem povo, um jogador futebol não é um jogador é um homem. E um homem sem bola é capaz de não conseguir driblar os obstáculos construídos pelo jogo da vida.
O árbitro foi o primeiro a ser avisado de todas as circunstâncias e decidiu ficar em casa. Sem o apito, vai ser preciso recorrer ao estrondo de um ponto final para terminar este encontro.
[photo @ VNGaia]

Sem comentários: