Existe um balcão, uma caixa registadora de costas para o cliente e um terminal de multibanco numa placa giratória, estacionado de costas para a empregada. Existe, do lado de quem compra, a espera oportuna pelo momento adequado para pedir o cartão da Fnac. E existe, do lado de quem está ao volante da máquina de calcular gigante, uma rapariga convencida de ser portadora de super-poderes por via de estar dentro de um colete verde com uma lista horizontal amarela.
- Já tem o cartão fnac?
- Não, mas quero ter.
- Dirija-se ali à minha colega.
- Obrigado.
Existe agora uma entrega voluntária de documentos a troco de um cartão cultural provisório que no futuro há-de ser permanente e garante a acumulação de verba suficiente para descontos. Documento vai, fotocópia vem e a super-mulher da banca exibe a certeza de estar a vender cartões como nunca ninguém antes o tinha feito. Temo que ela possa dizer a seguir que é a fundadora da loja. Mas não. Ela aponta o caminho da conversa na direcção azul da cor do olhos:
- Consigo tudo com estes olhos!
Exclamo a repetição que faço da frase dela porque ela tinha os olhos arregalados. Está bem eram azuis, mas não eram bonitos. Está demonstrado à evidência que no dia em que nasceu o céu caiu com toda a força e entrou na íris e fez uma ocupação vitalícia do terreno visível. Causou no entanto, essa queda abrupta, danos irreversíveis nas terras altas dos glóbulos oculares.
Hoje voltei à loja e lembrei-me da estupidez azul do olhar. E fui muito bem atendido por uma rapariga com olhos castanhos e um sorriso. Boa tarde.
- Já tem o cartão fnac?
- Não, mas quero ter.
- Dirija-se ali à minha colega.
- Obrigado.
Existe agora uma entrega voluntária de documentos a troco de um cartão cultural provisório que no futuro há-de ser permanente e garante a acumulação de verba suficiente para descontos. Documento vai, fotocópia vem e a super-mulher da banca exibe a certeza de estar a vender cartões como nunca ninguém antes o tinha feito. Temo que ela possa dizer a seguir que é a fundadora da loja. Mas não. Ela aponta o caminho da conversa na direcção azul da cor do olhos:
- Consigo tudo com estes olhos!
Exclamo a repetição que faço da frase dela porque ela tinha os olhos arregalados. Está bem eram azuis, mas não eram bonitos. Está demonstrado à evidência que no dia em que nasceu o céu caiu com toda a força e entrou na íris e fez uma ocupação vitalícia do terreno visível. Causou no entanto, essa queda abrupta, danos irreversíveis nas terras altas dos glóbulos oculares.
Hoje voltei à loja e lembrei-me da estupidez azul do olhar. E fui muito bem atendido por uma rapariga com olhos castanhos e um sorriso. Boa tarde.
1 comentário:
A prova de que ter olhos azuis não é tudo. Também prefiro os castanhos que falam só com um olhar.
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