Escrevia para um jornal às segundas, terças e quintas. Ficava por casa às quartas e sextas. Fazia a mala permitida por lei nas companhias da aéreas de low-cost e ao sábado acordava às cinco da manhã. Punha o nariz do lado de fora da janela da marquise, ritual celebrado em tronco nu, ameaçasse o tempo sol, ameaçasse o tempo chuva. O frio dava-lhe sempre mais a impressão de ter sangue na veias. Ficava contente à janela com as temperaturas baixas, a apreciar a magia dos pêlos eriçados , da pela de galinha, do arrepio de norte a sul da coluna. E ia triste para dentro porque preferia os dias de sol e hoje o termómetro era capaz de estar com de vontade falar baixinho.
Pegou na mala e no casaco. Guardou o telefone. Trancou a casa. Desceu as escadas a sorrir porque não tinha mensagens nem chamadas por atender e isso era bom. Significava que não o tinham tentado aborrecer com qualquer detalhe inútil de qualquer vida individual ou colectiva. Quando aterrava solitário nos aeroportos baratos da Europa e ligava o telemóvel, voltava ficar contente por não ter sido importunado durante o tempo em que o telefone tinha estado desligado. A caminho das plataformas dos autocarros ou dos comboios sentia-se triste pelo tarifário ser de carregamentos e por ter o saldo a chegar ao zero e não poder ligar a alguém, uma vez que o roaming fazia uma chamada viajar a um preço mais elevado do que a pessoa dele tinha embarcado desde o Porto.
Aos domingos regressava na hora em que os dias por norma estão a fechar os olhos para dormir. Tinha até à meia-noite para escrever a primeira crónica da semana. Encontrou o título por cima das nuvens da Europa: "sou mais feliz quando estou triste".
Pediram-lhe para desenvolver o tema na terça-feira. As vendas do jornal tinham disparado. A crónica andava na boca dos programas de rádio e nos olhos de todas as televisões. E choveram todos os convites para o homem que escrevia às segundas, terças e quintas. Sorriu ao pensar no interminável número de pessoas com disponibilidade de olhar para as letras ensinadas por ele. E de imediato o rosto ficou com um qualquer adjectivo triste. Teve a certeza de que nunca mais iria ficar sozinho.
Pegou na mala e no casaco. Guardou o telefone. Trancou a casa. Desceu as escadas a sorrir porque não tinha mensagens nem chamadas por atender e isso era bom. Significava que não o tinham tentado aborrecer com qualquer detalhe inútil de qualquer vida individual ou colectiva. Quando aterrava solitário nos aeroportos baratos da Europa e ligava o telemóvel, voltava ficar contente por não ter sido importunado durante o tempo em que o telefone tinha estado desligado. A caminho das plataformas dos autocarros ou dos comboios sentia-se triste pelo tarifário ser de carregamentos e por ter o saldo a chegar ao zero e não poder ligar a alguém, uma vez que o roaming fazia uma chamada viajar a um preço mais elevado do que a pessoa dele tinha embarcado desde o Porto.
Aos domingos regressava na hora em que os dias por norma estão a fechar os olhos para dormir. Tinha até à meia-noite para escrever a primeira crónica da semana. Encontrou o título por cima das nuvens da Europa: "sou mais feliz quando estou triste".
Pediram-lhe para desenvolver o tema na terça-feira. As vendas do jornal tinham disparado. A crónica andava na boca dos programas de rádio e nos olhos de todas as televisões. E choveram todos os convites para o homem que escrevia às segundas, terças e quintas. Sorriu ao pensar no interminável número de pessoas com disponibilidade de olhar para as letras ensinadas por ele. E de imediato o rosto ficou com um qualquer adjectivo triste. Teve a certeza de que nunca mais iria ficar sozinho.
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