Há estes objectos no quarto: um martelo em cima da cama, uma caixa rectangular do tamanho de um caixote de uma televisão antiga e uma outra do mesmo tamanho com fotos do passado. Entro e fecho a porta. Pego no martelo, nas fotos e nos pregos. Quando começo a martelar vem das quatro paredes o som de Anyone´s Ghost, dos abaixo reproduzidos National. Preguei todas as fotos com todos os pregos em todas as quatro paredes. Martelei sempre ao ritmo da bateria. Tive dias no passado a preto e branco e tive dias a cores. Sorrisos. Indiferenças. Forrei o quarto com o passado em dois minutos e cinquenta quatro segundos. As fotografias eram de grandes dimensões. E eis que estava a pressentir o fim de Anyone´s Ghost. Fechei a porta sem olhar para trás. Tranquei o passado com a chave e vim para a rua. Dei a minha mão à tua e deixei cair a chave pelos buracos de uma grelha de aço que havia no chão e por baixo da qual passa um ribeiro subterrâneo nesta parte da freguesia. Seguimos em frente. Imunes a fantasmas.
The National, Anyone´s Ghost
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