11.10.10

O 58º Festival de Cinema de San Sebastian

Na portada electrónica do El País, Diego Luna, actor mexicano, veste um fato cinzento escuro da cor da noite em Nova Iorque, sorri por entre a barba ainda mais escura e segura as mãos de John Malkocivh. John Malkovich, actor estado-unidense, tem um fato bege claro parecido com o fato branco de quando faz de deus no anúncio da Nespresso, que por sua vez é igual aos fatos dos homens da noite na cidade do México. Malkovich tem uma barba ainda mais clara e segura as mãos de Diego Luna. Estão na passadeira vermelha do Zinemaldia, festival de cinema de San Sebastian e um dos mais prestigiados do mundo.
Num hotel que não há-de ser muito dali, multiplica-se a esta hora o sono de outras estrelas de uma constelação diferente. Os homens do futebol do Real Madrid repousam para a visita da noite deste sábado à Real Sociedad, recém-promovida à primeira Liga espanhola, uma das mais prestigiadas dos mundo. Nos sonhos nocturnos, é provável que José Mourinho pergunte quem quer ser José Mourinho.
À hora do jogo entre as duas equipas, no festival de cinema é exibido o filme espanhol "Pássaros de Papel". Retrata a vida de artistas de vaudeville, um género dramático feito à base de comédia frívola (sem importância, sem valor, fútil) de forma ligeira e às vezes picante, dita, cantada e musicada. Na película, os artistas procuram duas coisas: matar a fome e um lugar para dormir, no fim da guerra. Ouvir a expressão comédia frívola remete-me toda energia para o futebol português. O filme não está em estreia, é um remake de um remake de um remake. Um líder sai do país à procura de D.Sebastião, sonhando regressar com ele de mão dada, e com ele trazendo a solução para todos os problemas. Como quem desesperadamente procura uma côdea para a fome e uma cama para deitar o sono. Madaíl procura soluções em pássaros de papel. O ecletismo do Real Madrid não chega ao vaudeville. Há no entanto um sinal positivo: Diego Luna e John Malkovich não se estão a rir do futebol português.

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