Na portada electrónica do El País, Diego Luna, actor mexicano, veste um fato cinzento escuro da cor da noite em Nova Iorque, sorri por entre a barba ainda mais escura e segura as mãos de John Malkocivh. John Malkovich, actor estado-unidense, tem um fato bege claro parecido com o fato branco de quando faz de deus no anúncio da Nespresso, que por sua vez é igual aos fatos dos homens da noite na cidade do México. Malkovich tem uma barba ainda mais clara e segura as mãos de Diego Luna. Estão na passadeira vermelha do Zinemaldia, festival de cinema de San Sebastian e um dos mais prestigiados do mundo.
Num hotel que não há-de ser muito dali, multiplica-se a esta hora o sono de outras estrelas de uma constelação diferente. Os homens do futebol do Real Madrid repousam para a visita da noite deste sábado à Real Sociedad, recém-promovida à primeira Liga espanhola, uma das mais prestigiadas dos mundo. Nos sonhos nocturnos, é provável que José Mourinho pergunte quem quer ser José Mourinho.
À hora do jogo entre as duas equipas, no festival de cinema é exibido o filme espanhol "Pássaros de Papel". Retrata a vida de artistas de vaudeville, um género dramático feito à base de comédia frívola (sem importância, sem valor, fútil) de forma ligeira e às vezes picante, dita, cantada e musicada. Na película, os artistas procuram duas coisas: matar a fome e um lugar para dormir, no fim da guerra. Ouvir a expressão comédia frívola remete-me toda energia para o futebol português. O filme não está em estreia, é um remake de um remake de um remake. Um líder sai do país à procura de D.Sebastião, sonhando regressar com ele de mão dada, e com ele trazendo a solução para todos os problemas. Como quem desesperadamente procura uma côdea para a fome e uma cama para deitar o sono. Madaíl procura soluções em pássaros de papel. O ecletismo do Real Madrid não chega ao vaudeville. Há no entanto um sinal positivo: Diego Luna e John Malkovich não se estão a rir do futebol português.
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